Ancestrais 33 - Meus ancestrais tinham escravos
- Thiago Gonçalves de Lins
- 18 de ago. de 2023
- 2 min de leitura
Uma triste página na história familiar
Nesse trigésimo terceiro capítulo - Ancestrais 33 - irei escrever sobre os horrores da escravidão e a relação com a minha árvore genealógica.

Existe uma frase que diz: "Às vezes é melhor não mexer no passado".
Inevitavelmente fiquei pensando nessa frase enquanto pesquisava alguns ramos familiares que foram, em sua maioria, compostos por fazendeiros na região de Lages entre o final do século XVIII e início do XIX.
No período citado, duas famílias se destacavam no topo da Serra Catarinense: a família Barros e a família Ribeiro - ou melhor, Silva Ribeiro. Manoel de Barros e Manoel da Silva Ribeiro estavam entre os maiores sesmeiros dos Campos de Lages.
Em 27 de janeiro de 1779, Manoel de Barros recebeu do Governador da Capitania de São Paulo, Martim Lopes Lobo de Saldanha, uma sesmaria "nas cabeceiras do rio Pelotas e do rio Lavatudo". A sesmaria em questão possuía 16.200 alqueires.
A família Barros exercia certa influência na região e "fazia parte da elite proprietária de terras e escravos em Lages" (Revista da ASBRAP, nº.6 - ANTIGOS PROPRIETÁRIOS RURAIS DE LAGES).
A família Silva Ribeiro era tão ou ainda mais influente que a família Barros. O português Manoel da Silva Ribeiro chegou nos Campos de Lages em princípios da década de 1760 quando, "entre 1755 e 1765, requereu a Fazenda do Pelotas, localizada na região do hoje município de Bom Jardim da Serra".
Manoel foi Juiz Ordinário da vila de Lages em 1772 e presidiu as sessões da Câmara entre os anos de 1775 e 1778. Seu filho Pedro da Silva Ribeiro (meu sexto avô) chegou a ser Capitão, servindo a Coroa Portuguesa por mais de três décadas.

Registro de batismo de Anna, filha de João e Joana, os dois, escravos de Manoel de Barros
A escravidão era socialmente aceita e "normal" no Brasil. Quem tinha escravo não estava fora da Lei. Mas utilizar o trabalho escravo para manter suas fazendas e enriquecer é reprovável, seja lá em 1800 ou em 2023.
Tento me colocar no lugar deles. Talvez sequer meus ancestrais tivessem noção ou se questionavam sobre o mal que estavam cometendo. Talvez se fosse eu naquela época, fatalmente teria atos iguais e reprováveis!
Através do meu Teste de Ancestralidade (leia aqui) descobri que tenho 1,4% de DNA Nigeriano. Portanto, em minha árvore genealógica possuo ancestrais que foram senhores de escravos e ao mesmo tempo, ancestrais escravizados.
| Minha ascendência escravizada será postada no próximo post
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