Ancestrais 42 - Homenagem ao meu bisavô
- Thiago Gonçalves de Lins
- 20 de jun.
- 3 min de leitura
Homenagem aos 135 anos de Celestino Gonçalves de Lins
Nesse quadragésimo segundo capítulo - Ancestrais 42 - irei fazer uma pequena homenagem aos 135 anos do nascimento do meu bisavô Celestino Gonçalves de Lins.

No Sul do Brasil, nos vastos campos cobertos por araucárias, nasceu Celestino, filho de Aureliano Gonçalves Lins e Maria das Dores Diogo. Este pequeno relato relembra - com uma pitada de imaginação - os primeiros anos de sua vida na antiga Freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio dos Baguais. Mais que uma homenagem, é um resgate da vida tropeira dos meus ancestrais, que pulsa nas lembranças que insisto em cultivar.
A seguir, o conto na íntegra:
Freguesia de Nossa Senhora do Patrocinio dos Baguais, 20 de junho de 1890:
Sentado em frente à porta, Aureliano tomava seu chimarrão, como de costume, enquanto olhava o sol se despedindo lentamente do dia, mergulhando atrás do Morro do Chapéu. O ar frio anunciava o próximo inverno.
Enquanto a noite se aprofundava, os gemidos de dor vindo de dentro do casebre deixavam Aureliano aflito. Ele matutava, falava sozinho e assim, tentava manter a calma. Lá pelas 21h, o silêncio da noite foi quebrado com o choro de uma criança.
Dois anos depois, frei Rogério Neuhaus escreveu no livro de registros da Igreja: "Aos onze dias do mês de julho de mil oitocentos e noventa e dois na Capela da Freguesia de Campo Belo, desta paróquia de Lages, batizei e pus os Santos Óleos aos inocente Celestino, nascido no dia vinte de junho de mil oitocentos e noventa, filho legítimo de Aureliano Maciel Barboza e sua mulher Maria das Dores Diogo, ambos batizados nesta paróquia."
Àquela altura, Aureliano estava na casa dos trinta anos de idade. Carregava ainda o sobrenome materno. Somente em 1893, após a homologação do inventário da primeira esposa de seu pai, é que ele pasou a se chamar Aureliano Gonçalves Lins.
Fazia pouco mais de um ano que ele havia levado a família para as redondezas do Morro do Chapéu. O local fazia parte da Freguesia de Nossa Senhora do Patrocinio dos Baguais - atual Campo Belo do Sul - que então pertencia ao município de Lages.
Aureliano seguia numa vida volante, daqui e ali. Durante muito tempo, seguiu os passos do seu pai como tropeiro - um digno biriva, conduzindo tropas pelas antigas rotas que cortavam o planalto catarinense.
Entre 1890 e 1915, perambulou em busca de sustento pelas localidades de Morro do Chapéu, Lajeado Grande e Costa do Canoas - esta última, hoje pertencente ao município de Cerro Negro. Chegou até a caminhar pelas bandas de São Sebastião do Erval, atual Erval Velho. Fazia o que fosse preciso para garantir o sustento da família.
Foi nesse tempo áspero que o pequeno Celestino começou a moldar seu caráter. Cresceu acompanhando o pai nos serviços da roça e nas viagens tropeiras por caminhos difíceis. Era atento, observador, e respeitava tudo e todos, principalmente os mais velhos.
Aos vinte anos, com coragem nos olhos e esperança no coração, deixou a família, e foi em busca de trabalho e de uma vida menos sofrida e mais próspera. Seguiu pelos caminhos da Serra, enfrentando a dureza das estradas e a solidão das distâncias, levando consigo os valores herdados de seus pais.
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Foto de capa: Celestino Gonçalves de Lins, criado e editado por IA através de uma foto real.
| "Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece"
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